Tá tudo virado do avesso
O fundo na beira do poço
O céu tá no centro da terra
A pele tá dentro do osso
Um laço abraça a garganta
O mar se levanta no espaço
O prédio antecede a planta
A frase vem antes do traço
Quem pede pra ver o começo
Não deixa sair desse fosso
Melhor acender uma vela
E cuidar pra manter o pescoço
Cuidar pra manter o pescoço
Tá tudo virado do avesso
A noite espera o almoço
A paz só disfarça uma guerra
A morte não causa alvoroço
Quem dorme nem sempre levanta
O medo transpira mormaço
A voz atrapalha quem canta
Os pés já tropeçam nos passos
Quem pede pra ver o começo
Enxerga somente o esboço
O jeito é não dar muita trela
E cuidar pra manter o pescoço